O fascismo mostra as garras

O fascismo mostra as garras

O assassinato do dirigente petista, no dia 9/7, em Foz do Iguaçu, começa a fazer presente na cena política nacional a verdadeira cara do fascismo: selvageria, covardia, brutalidade. Não se trata de um raio em céu azul. Desde sua condição de deputado federal, Bolsonaro – autor intelectual do crime – tem feito absoluta questão de exibir sua ineludível vocação nazista, melhor, sua natureza nazista. Foi assim que subiu a rampa do Planalto. De posse do cetro presidencial, passou a mão no potente trombone naturalmente ofertado pelo cargo para berrar aos quatro cantos os atributos de sua ideologia criminosa, cuja essência podemos sintetizar na mais profunda adoração da força e da violência contra os explorados, na desumanização dos de baixo, na criminalização dos oprimidos.

Para quem tinha alguma dúvida a respeito do que é o nazifascismo, de sua mais recôndita condição ideológica estrutural, o crime de sábado passado é exemplo perfeito. E que ninguém se engane. Pelo que se sabe e pelo que se pode prever, trata-se ‘apenas’ da primeira de uma série de ações da mesma natureza que sempre se fizeram presentes em conjunturas semelhantes à que vive o Brasil hoje. E quanto mais se consolide a liderança de Lula nas pesquisas eleitorais, mais frequentes serão os crimes semelhantes ao de Foz do Iguaçu. O quadro atual da conjuntura nacional tem como marca principal a ativação crescente dos instintos assassinos da corja bolsonarista. No interior da estratégia geral golpista de Bolsonaro, do intento golpista que ele sempre trouxe escondido no bolso da gandola ou, depois, do sempre bem talhado paletó parlamentar, figura o manual de como coesionar uma base de desqualificados – sociopatas, bandidos de toda natureza, assassinos, ladrões, degenerados da mais rasteira espécie, toda a banda apodrecida das sociedades capitalistas – em torno da ideologia geral da maldade, da morte. O futuro golpe de estado com que sonha há décadas o psicopata Bolsonaro exige tal providência de acicatar a sede de sangue  da sua corja de vampiros.

Não há novidade, portanto. Para nós, que lutamos por uma sociedade humana, livre, solidária e igualitária, resta perguntar: 1. Bolsonaro tentará um golpe? Quando? 2. Bolsonaro obterá sucesso em uma tentativa de golpe?

Há tempos temos falado aqui que Bolsonaro tentará um golpe de estado no curto ou no médio prazo. Hoje tal constatação é praticamente unânime, mesmo entre os analistas da mídia burguesa. A grande maioria da esquerda é omissa quanto a isso, já que lhe falta o indispensável método marxista de análise. O fato é que desde o primeiro dia na presidência Bolsonaro tem-se dedicado a preparar um golpe de estado de modo a se fazer um duce ou um fuhrer dos trópicos. Se as pesquisas mantiverem os números de agora, que dão a possibilidade de vitória de Lula já no primeiro turno, é muitíssimo provável que a tentativa ocorrerá antes de 2 de outubro. O 7 de setembro seria a data mais adequada à sua lógica nacional-patrioteira. Na hipótese de uma vitória nas urnas, também desde o primeiro dia do seu novo mandato ele estará preparando o golpe, no caso, através dos detalhes mais concretos. Quanto ao quando, a resposta é: sempre. O que fazer, então, desde agora?

Trata-se de começar, desde “ontem”, a organizar uma resistência dos trabalhadores, uma resistência proletária, contra o golpe. A proposta concreta do MM5 é a da formação imediata de uma Frente Revolucionária contra o Fascismo (FRF). Não, não estamos propondo mais uma dessas frentes desgraçadamente sempre presentes na nossa história quando uma conjuntura se mostra um pouco mais complexa. Frentes eleitoreiras todas elas plantadas no chão do tal estado democrático de direito, na verdade um traiçoeiro canto da sereia capitalista, reacionário portanto, entoado a várias vozes, de acordo com a ocasião. Resultado da opereta: o proletariado conduzido ao matadouro ou ao pântano onde se afogam seus interesses imediatos e históricos. É pra isso que serve a democracia, tanto na sua existência concreta quanto nos devaneios místicos de uma esquerda que, às vezes se dizendo marxista, embarca no misticismo da democracia, só que pintando-a de ‘operária’, ‘popular’ ou ‘dos trabalhadores’ para melhor disfarçar o seu oportunismo.

Sejamos claros. O Brasil é uma formação social extremamente propícia à instalação de um estado fascista. Temos uma classe média, uma enorme classe média criada pela ditadura. Hedonista, conservadora e alienada, cuja cultura se resume aos subprodutos mais deteriorados do mais abjeto complexo industrial cultural de que se tem notícia: novelas televisivas, ‘faustões’, música pseudo-sertaneja, filmecos de violência etc. etc. Temos, como herança histórica do colonialismo somada a uma miserabilização sempre progressiva, uma gigantesca nuvem negra de misticismo sobre o proletariado a impedi-lo de enxergar sua própria situação enquanto explorado e miserável. E por último, mas não menos importante, uma esquerda que em quase sua totalidade desconhece o be-a-bá do único instrumento teórico-prático capaz de instrumentalizá-la a desenvolver uma ação verdadeiramente revolucionária: o marxismo leninismo. Pelo contrário, prefere esta esquerda mergulhar nas águas apodrecidas do oportunismo imediatista, caso do reformismo e do gramscianismo, ou no vanguardismo messiânico pequeno-burguês, caso do trotskismo

Vivemos hoje, pois, um momento de decisão no Brasil. Ou partimos para a construção de uma opção verdadeiramente proletária, revolucionária, à atual crise de dominação política da burguesia, ou mais uma vez o proletariado será feito de massa por manobras de fascistas e/ou democratas – duas fantasias em um perverso jogo circense em que o palhaço é o próprio proletariado.

Pela formação de uma Frente Revolucionária contra o Fascismo!

Venceremos!

14/7/22

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