Na última terça-feira (1/2), Bolsonaro afirmou que “faltou visão de futuro” aos moradores que construíram residências em áreas de risco atingidas por fortes chuvas no estado de São Paulo. Além de debochada, a infeliz declaração expressa a ideologia burguesa que, direta ou indiretamente, opera sempre em dois níveis. Primeiro, atribuindo à “natureza” — essa categoria abstrata que nada significa — a “responsabilidade” pelos fenômenos climáticos que vêm atingindo o Brasil e o mundo. Segundo, responsabilizando as próprias vítimas pelos acontecimentos.
Na prática, a declaração de Bolsonaro omite que, no capitalismo, é unicamente o proletariado quem sofre as reais consequências de chuvas e inundações, perdendo todos os seus bens e utensílios a cada nova enchente. Proletariado que, superexplorado e sem opções de moradia, tem como única alternativa viver em encostas cada vez mais íngremes e perigosas. Proletariado que, nos mapas de planejamento urbano de todas as cidades burguesas, nunca foi prioridade dos governantes. É disso que se trata.
