Manifestações de 29/5 demonstram falência da esquerda

Manifestações de 29/5 demonstram falência da esquerda

À primeira vista, as manifestações do último dia 29 de maio teriam sido um contraponto à motociata bolsonarista da semana anterior. Mas não foram, ao contrário do que afirmam o reformismo, o trotskismo e a imprensa burguesa.

Desgraçadamente, em função do seu caráter pequeno-burguês, as mobilizações do dia 29/5 estão no máximo alinhadas aos interesses de uma expressiva parcela da burguesia brasileira e suas instituições, que hoje veem na instabilidade causada por Bolsonaro a impossibilidade de ampliar suas taxas de lucro e uma ameaça aos seus interesses corporativos.

De maneira superficial, esse alinhamento pode ser constatado no destaque positivo dado pela mídia burguesa aos atos realizados no dia 29/5. No entanto, uma análise consequente nos obriga a tomar distância de formulações imediatistas, para podermos compreender que o atual alinhamento da burguesia com o reformismo não se explica somente pelo aguçamento das contradições existentes na classe dominante.

Há nessa aproximação razões intrínsecas ao próprio reformismo, sobretudo seu viés pequeno-burguês, que ao longo dos séculos diluiu o caráter proletário de enfrentamento dos atos políticos de rua, transformando-os gradativamente em manifestações pacíficas, ordeiras, cidadãs, midiatizadas e espetacularizadas. Enfim, uma verdadeira caricatura promovida pela esquerda reformista e trotskista, hoje majoritária no Brasil.

Essa caricatura pôde ser vista nas últimas manifestações, seja no uso de bonecos infláveis — ignorando e repetindo o Pato da Fiesp —, trocadilhos e rimas no lugar das palavras de ordem, personagens em suas fantasias e predominância de flâmulas identitárias, que compõem e sustentam a velha ladainha democrática. Nesse espetáculo de mau gosto, quase não se notaram bandeiras vermelhas com a foice e o martelo.

Em meio a tamanho circo, seria leviano não ressaltarmos a presença do PCB empunhando bandeiras vermelhas, com a foice e o martelo, símbolo do comunismo. O Partidão, no entanto, insiste em jogar fora a criança com a água do banho, ao sustentar a palavra de ordem ‘poder popular’ e adotar a categoria política reformista (povo), estranha ao marxismo, diluindo na propaganda a contradição fundamental da sociedade capitalista: o antagonismo entre proletariado e burguesia.

Para que as manifestações não caiam no vazio e tenham como consequência o avanço da luta direta dos trabalhadores, a esquerda precisa abandonar, em seu discurso e sua prática, a forma e o conteúdo pequeno-burguês do reformismo e do trotskismo, lançando mão de métodos de combate proletários.

“Se necessário, têm [os proletários] de obter pela força essas garantias [de suas conquistas] e, principalmente, procurar que os novos governantes se obriguem a todas as concessões e promessas possíveis — o meio mais seguro de os comprometer”, afirmam Marx e Engels. Este trecho da Mensagem do Comitê Central à Liga dos Comunistas deixa claro que não será por meio de manifestações pacíficas, cidadãs e ordeiras, que só levam ao caminho da conciliação, que o proletariado conseguirá avançar na luta por sua própria libertação. Ao contrário, será pela força!

É preciso, portanto, estarmos dispostos, desde já, ao enfrentamento com a burguesia, seja na ocupação e destruição da propriedade privada dos meios de produção, seja em manifestações nas portas de fábricas ou periferias, para imprimir o necessário caráter proletário à luta de classes.

Venceremos!

 

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