Por uma Frente Revolucionária contra o Fascismo

Por uma Frente Revolucionária contra o Fascismo

Já é mais que evidente a intenção das forças bolsonaristas de dar um golpe de estado de natureza fascista no país. Razões de ordem estrutural e conjuntural se somam na linha mesma da necessidade de as correntes de extrema direita buscarem um golpe, inclusive enquanto condição de sobrevivência. Esta é a conclusão a que nos leva uma análise objetiva da atual situação das lutas de classes no país. Ou seja, uma análise de natureza marxista leninista. É ridícula, e grave, a cegueira oportunista e eleitoreira que toma conta da maioria da esquerda – somados trotskistas, reformistas clássicos e gramscianos –, uma cegueira que leva tal esquerda a negar a iminência da iniciativa golpista. É que esta esquerda prefere navegar nas águas calmas do eleitoreirismo institucionalista, jogando perspectivas e esperanças nas próximas eleições. Diante deste quadro, o Movimento Marxista 5 de Maio-MM5 vem propor a formação de uma Frente Revolucionária contra o Fascismo direcionada no momento especificamente para o combate à preparação da perspectiva do golpe fascista.

Que fique muitíssimo claro: a frente que propomos nada tem dessas frentes imediatistas pequeno-burguesas tão comuns na esquerda mundo afora em favor dos valores políticos burgueses, todos estes sintetizados na devoção à democracia, ao chamado ‘estado democrático de direito’ tão a gosto dos exploradores. Que se repita, com Marx, que a democracia é a melhor forma da dominação burguesa, a melhor forma de organização do estado para manter e aprofundar a exploração dos trabalhadores nos quatro cantos da terra. É preciso ter sempre presente que Jair Bolsonaro, e tudo que ele representa, é filho legítimo da democracia que impera no Brasil há quarenta anos. É fruto do processo de redemocratização instalado no país pelas mesmas forças que instalaram o golpe militar em 1964. Um processo capitaneado ideologicamente pela burguesia. Um processo em que praticamente toda a esquerda mergulhou de corpo e alma, um processo em que a esquerda não mais que figurou como vagões desengonçados da locomotiva burguesa. É disso que se trata. Não vê quem não quer.

A história já demonstrou à exaustão que não é possível combater o fascismo em suas raízes, de forma radical portanto, com democracia. O exemplo mais conhecido é o da Espanha de 1936. Mais perto de nós, aqui na América Latina, o recentíssimo exemplo do Chile mostra que toda a resistência democrática à ditadura pinochetista acabou resultando na farsa protagonizada pelo atual presidente, que se tem mostrado e sempre se mostrará um mais que confiável guardião das instituições capitalistas. Mais perto ainda? O Brasil. Qual foi a natureza do ‘combate’ ao Estado Novo protofascista de Getúlio Vargas de 1937-45? Toda a ‘luta’ inglória travada no altar da democracia – em que foram sacrificados valorosos e heroicos companheiros – resultou em … democracia, uma democracia que não passou de um tempo de preparação de um novo golpe de estado burguês, o de 1964. A corrente então majoritária da esquerda no período, o PCB (Partido Comunista Brasileiro), jogou na lata do lixo seus ideais comunistas e revolucionários fundadores. Hoje, o PCB é o que é: um partido que prefere navegar nas águas turvas de uma cinzenta proposta estratégica de um “poder popular” para, assim, melhor concretizar uma linha de diluição programática e abrir espaços para a velha prática de conciliação de classes e oportunismo eleitoreiro.

Estamos agora diante do mesmo dilema: democracia ou socialismo?

O fato é que à quadrilha bolsonarista, fincada em todo o território nacional, só resta uma saída: a perpetuação no poder, o que aliás foi explicitado por um documento que lançou há pouco mais de uma semana. Lula dispara nas pesquisas, ausente qualquer sinal de que poderia perder a eleição. E se Lula for eleito, a ele não restará alternativa que não a de combater duramente a quadrilha hoje no poder – isso porque, não o fazendo, fatalmente seria deposto pelas forças fascistas já muito bem enraizadas em todas as instituições estatais, nos níveis municipal, estadual e federal – Forças Armadas obviamente incluídas. Ou seja: Bolsonaro, família e capangas terão que ser presos. Se não, eles é que prenderão Lula. Simples assim.

E também buscarão matar os tais dez mil ‘comunistas’ que Bolsonaro diz querer eliminar como condição de concretizar sua visão de país.

Bolsonaro, portanto, precisa dar um golpe de estado – seja antes, seja durante, seja depois das eleições de outubro próximo. Ganhando ou perdendo a presidência nas urnas. A possibilidade da tentativa de um golpe bolsonarista após uma hipotética vitória eleitoral se concretizaria a partir das próprias bases estruturais para a instalação de um estado fascista no país: a) Forças Armadas estruturalmente fascistoides de cima a baixo;  b) uma classe média vorazmente hedonista e consumidora –  individualista e brutalmente alienada portanto; c) uma mídia em que se somam uma indústria cultural das mais rasteiras e brutalizantes de que se tem notícia e um jornalismo infestado por oportunistas vendidos também de cima a baixo; e d) um proletariado em significativa parte tomado por ideologias religiosas protofascistas. O que faltaria então para a concretização do golpe? Em primeiro lugar, a vontade política de desencadeá-lo, o que já está em operação e que é o que há de sobra nas hostes já muito bem organizadas do bolsonarismo. Mas ainda faltaria um segundo fator, de importância absoluta e decisiva: uma esquerda imobilizada pelo ópio democrático.

É por este conjunto de razões que o MM5 convoca aqui a esquerda – sejam coletivos, sejam companheiros individualmente – à formação de uma Frente Revolucionária unificada nas tarefas de agitação, propaganda e organização  revolucionárias de bloqueio do golpe fascista em andamento (ainda que em fase preliminar hoje) e desde já se preparar, acumular forças para combatê-lo frontalmente, na linha estratégica de uma revolução socialista, no caso de os intentos golpistas dos fascistas vierem a obter  êxito.

Venceremos!

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