A crise do movimento sindical

A crise do movimento sindical

Esperava-se – praticamente toda a esquerda esperava – que a então provável deposição da presidente Dilma Rousseff desencadearia uma onda de greves e protestos continuados por todo o país. Dilma caiu e nada disso aconteceu. Se Lula for preso, especulávamos, o movimento sindical vai parar o país até ele ser solto. Lula foi preso e nada disso aconteceu. Reforma trabalhista? Reforma da Previdência? Nada, nada. Silêncio sepulcral.

A realidade é que o movimento sindical brasileiro não tinha musculatura nem pernas para a realização de ações de tal dimensão. Não tinha e não tem. O movimento sindical brasileiro é frágil em sua estrutura e nas lideranças e linhas políticas que o hegemonizam. As centrais sindicais existentes ou são abertamente aparelhadas ou pelo reformismo (CUT, exemplo maior) ou por verdadeiras quadrilhas de pelegos aproveitadores ou, ainda, pelas múltiplas variantes do trotskismo (Conlutas, a principal), todas elas pautadas por um messianismo desagregador que sacrifica o interesse do proletariado a objetivos corporativos de organizações políticas pequeno-burguesas.

A origem mais próxima desta situação desastrosa se encontra no processo de redemocratização do país ao final dos anos 70/início da década de 80 do século passado. No geral, a democratização foi hegemonizada pela burguesia. À crise de dominação de uma ditadura burguesa, a burguesia responde espertamente com a democracia. E a maioria da esquerda, por reformista (o que inclui a fraude gramsciana) e/ou trotskista, embarca nesta canoa furada – afinal, sempre haverá empreguinhos e empregões, cargos parlamentares em todos os níveis, consultorias, palestras, aparatos acadêmicos, sindicatos etc. etc. a serem distribuídos. Chegou-se mesmo ao píncaro da glória: a presidência da República. Ao proletariado, migalhas.

O movimento sindical, que na segunda metade da década de 70 foi tomado por uma onda espontânea de inconformismo e rebeldia frente o processo de miserabilização do proletariado levado adiante pela ditadura, foi logo domesticado e pasteurizado pela onda democrática. A CUT, nascida em 1982 e originária daquela luta, foi devidamente colonizada por um PT eleitoreiro, que já ao nascer, em 1980, dera claríssimos sinais de prenúncio de uma trajetória de degeneração e oportunismo jamais vistos nas lutas de classes do país.

É esta a situação a que chegamos. Temos, portanto, os marxistas leninistas que ter absolutamente claro que a retomada de um movimento sindical independente, forte e vigoroso passa pelo combate ativo, no fogo da própria luta contra o capital, ao reformismo – conciliador e oportunista por natureza – e ao trotskismo, aparelhista e igualmente oportunista também por natureza.

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